O dólar à vista apresentou uma redução de 5,56% frente ao real em janeiro.
Na última sexta-feira do mês (31), a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 5,8366, registrando uma queda de 0,28% no décimo dia consecutivo de desvalorização.
A baixa pode ser atribuída a uma combinação de fatores nacionais e internacionais.
Impacto do Aumento da Taxa Selic
No cenário nacional, o principal fator que desencadeou a queda do dólar foi o aumento da taxa básica de juros Selic.
Em 29 de janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central promoveu um aumento de 1 ponto percentual na taxa, elevando-a para 13,25% ao ano, o maior patamar desde setembro de 2023.
Com uma taxa mais alta, os investimentos em renda fixa no Brasil se tornam mais atrativos, incentivando a entrada de investidores estrangeiros.
Dados da B3 indicam que o fluxo internacional para a bolsa brasileira foi positivo em R$ 4,1 bilhões entre 1 e 29 de janeiro.
Com um aumento da taxa Selic pelo Copom o real se fortalece, pois aumenta o apelo da moeda para investidores em busca de melhores rendimentos em operações de carry trade. — Analista Financeiro
Fatores Externos: Políticas do Fed e Política Americana
Externamente, além das questões internas, o dólar perdeu força globalmente. O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, manteve a taxa de juros entre 4,25% e 4,5% na decisão de 29 de janeiro.
Essa estabilização reduz o apelo da renda fixa americana, favorecendo moedas emergentes, como o real.
O mercado cambial tem sido influenciado pela expectativa de que o Federal Reserve possa adotar uma postura mais branda em relação aos juros nos EUA, o que reduz a força do dólar e favorece moedas emergentes como o real. — Analista Financeiro
Outro elemento que repercute no câmbio é o retorno de Donald Trump à Casa Branca. Suas propostas, como elevar tarifas de produtos estrangeiros e restringir a imigração, geram preocupações sobre inflação e juros nos EUA, impactando o dólar.
Instituições financeiras, como o Itaú BBA, avaliam que essas medidas podem levar a uma elevação da inflação e consequentemente dos juros.
A incerteza sobre a trajetória política nos Estados Unidos gera volatilidade no câmbio e impacta diretamente as decisões dos investidores internacionais. — Analista Financeiro
Perspectivas Futuras e Ambiente Político Brasileiro
Em novembro do ano anterior, o anúncio de um pacote de corte de gastos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi considerado insuficiente, exacerbando a preocupação com a dívida pública e impulsionando o dólar a R$ 6,30 em dezembro.
Apesar de uma estabilização em 2025, investidores ainda aguardam novas políticas do governo para conter o endividamento.
É fato que, sempre que o Congresso e o Executivo no Brasil estão mais silenciosos e há menos ruídos políticos, o real tende a se valorizar, o que se reflete na cotação frente ao dólar. No entanto, não podemos esquecer que o problema fiscal do Brasil permanece inalterado e que nenhuma medida concreta foi tomada até o momento. — Especialista em Economia